Três provocações de Frederic Laloux e três caminhos para respondê-las

Pela primeira vez em um evento no Brasil, o autor do livro Reinventando as Organizações, encerrou a programação do Festival Teal Brasil compartilhando ideias para as diferentes jornadas evolutivas de cada organização.

Realizado no dia 10 de novembro, com apoio da Pacto, o Festival Teal Brasil contou com uma programação dedicada a compartilhar histórias de empresas brasileiras que estão se destacando por meio de culturas centradas no propósito, da descentralização do poder e da criação de relações mais profundas e genuínas.

O encerramento do evento contou com a participação de Frederic Laloux, autor de Reinventando as Organizações: um guia para criar organizações inspiradas no próximo estágio da consciência humana. Com exemplos e histórias de organizações pioneiras, a obra aponta as mudanças em curso na forma de administrar negócios.

Ao longo de sua atuação, o especialista tem defendido que as organizações que se reinventam são aquelas que evoluem em suas práticas de autogestão e autonomia das equipes, desenvolvem culturas organizacionais que acolhem todas as diferenças e produzem um ambiente seguro para que as pessoas e os grupos floresçam em sua potência e sejam acolhidos em seus limites, além de serem organizações que dirigem suas estratégias para efetivamente responder às necessidades socioambientais.

Sem indicar fórmulas fechadas, o belga, pela primeira vez no país, provocou a audiência com três ideias centrais sobre como estamos conduzindo nossas vidas profissionais e a importância de reinventarmos a essência das corporações e deixou ainda dicas para trilhar um caminho no sentido de ações orientadas por propósitos.

Reunimos a seguir notas e ideias trazidas por Laloux que podem nos inspirar na jornada de reinventar nossas organizações.

Plenitude 

“Hoje quero falar de algo que é muito pessoal para mim. Espero que um pouco disso ressoe em vocês”. Em sua abertura, o autor falou sobre essa impressionante sensação de estar totalmente pleno no trabalho. E o quanto aprendeu com essa jornada. Passando pela vida pessoal, na relação com os filhos e seus questionamentos sobre o sistema econômico-social em que vivemos, até os ‘pontos cegos’ que vivemos em nossas relações de trabalho. 

Integridade 

O escritor trouxe a provocação: “Quando vamos descobrir em que pontos da nossa vida – pessoal ou profissional – estamos conectados com nossa integridade?” Laloux ‘jogou na roda’ o exemplo dos produtos derivados do leite e provocou: “Quando você percebe a quantidade de sofrimento a que os animais são submetidos, você é capaz de repensar seu consumo”. E alertou que esse é um exercício que deve ser feito sem julgamento, mas, sim, verdadeiramente ligado ao que cada um acredita como indivíduo.

Honestidade

Voltando ao tema do julgamento, outra ideia foi apresentada pelo autor. Sem julgar as escolhas alheias – afinal, somos criadores e parte do sistema em que vivemos -, Laloux convidou a audiência a ser corajosa o suficiente para olhar para o lado e entender se está de acordo  com suas jornadas. Se essa caminhada é honesta. E afirmou existir uma sensação de medo em abrir essa reflexão. O resultado ao atravessar essa ‘janela de consciência’ é não saber lidar com as descobertas. “Por isso, muitos de nós decidimos manter a ‘tampa da percepção’ fechada”, concluiu.

Caminhos

Laloux finalizou sua contribuição ressaltando três aprendizados: 1) Está tudo bem em não ter todas as respostas para os conflitos do mundo; 2) É importante cultivar relações que nos façam sentir livres a compartilhar aflições e ideias transformadoras com interlocutores interessados; 3) Precisamos de um plano B porque quando estamos insatisfeitos com o mundo, especialmente no ambiente do trabalho, os caminhos podem, repentinamente, mudar (sugerindo como exemplo uma demissão).

“Essas são medidas de empoderamento para enfrentar nossos medos. Afinal, são exatamente eles as nossas maiores oportunidades.”

Saiba mais

Mediador da sessão com Frederic Laloux, Henry Goldsmid, um dos organizadores da tradução colaborativa do livro Reinventando as Organizações para o português, compartilha, neste artigo, sua experiência e aprendizados a partir da tese do especialista.